Jô Nascimento
O mês de julho ficou marcado na história da propaganda brasileira. Há 30 anos não se via uma reunião para discutir a profissão em sua evolução e os rumos que tem tomado ultimamente. Mais de 1.500 publicitários e comunicadores em geral se encontraram no World Trade Center - Centro de Convenções, em São Paulo, para o IV Congresso Brasileiro de Publicidade, promovido pela ABAP - Associação Brasileira das Agências de Publicidade.
A abertura do encontro foi feita pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan
A abertura do encontro foi feita pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2001, Kofi Annan. Durante o jantar, ele abordou como tema principal a liberdade, e ressaltou a importância das parcerias para a luta mundial em favor dos direitos humanos. Na reunião foram debatidos, também, temas que vêm causando polêmica na mídia nacional além da criação da Frente Parlamentar de Comunicação Social.
Dalton Pastore, presidente do Congresso
A frente foi formada por 198 deputados federais e 38 senadores, de 17 partidos políticos. O grupo tem como objetivo lutar pela liberdade de expressão comercial, devido às tentativas do governo e de agências reguladoras de impor restrições à publicidade de medicamentos, bebidas, alimentos e produtos voltados para crianças. "A Constituição define que determinados produtos, como álcool, tabaco e medicamentos, tenham cuidados especiais em sua divulgação, mas precisamos garantir que ela continue cumprindo seu outro papel, de garantia da liberdade de expressão", declarou o presidente do Congresso, Dalton Pastore, durante jantar de abertura.
Segundo Pastore, a Frente vai viabilizar o aperfeiçoamento técnico, criativo e ético das propagandas. "Será um importante canal da sociedade com as agências de publicidade, os anunciantes, os fornecedores e os veículos de imprensa", afirmou. O Grupo vai ser um fórum permanente, que agregará a opinião da sociedade, dos profissionais e dos anunciantes da indústria da comunicação, tornando cada vez mais a propaganda sensata e inteligente.
PJ Pereira e Nizan Guanaes
O IV Congresso Brasileiro de Publicidade criticou todas as iniciativas de censura à liberdade de expressão comercial. Nos três dias, o evento reuniu publicitários, anunciantes e representantes da mídia. Trouxe também ao congresso a jornalista norte-americana Judith Miller, vencedora de um prêmio Pulitzer, famosa por ter sido presa após se negar a revelar a identidade de uma fonte.
Ícones como o presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, Roberto Civita, e o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, marcaram presença no encontro. Civita discursou sobre a interdependência entre democracia, liberdade de imprensa e livre iniciativa. Marinho, por sua vez, fez críticas às tentativas de cerceamento da liberdade de expressão tanto da imprensa quanto da publicidade.
Durante o evento aconteceram 15 reuniões em que foram debatidos os mais variados assuntos relacionados ao mercado brasileiro de publicidade. O IV Congresso incentivou toda a sociedade ao debate sobre a auto-regulamentação da publicidade no âmbito do Conar, criado há 30 anos no III Congresso Nacional de Publicidade. No encontro, foi defendida a livre iniciativa, a liberdade de escolha do consumidor e de expressão comercial.
Delegação do Nordeste
O Congresso apoiou o Projeto de Lei 3305, de 2008, que reconhece o Cenp como entidade certificadora das agências de publicidade e aperfeiçoa as licitações de serviços publicitários no setor público. Ressaltou, também, a importância fundamental da ética para o reconhecimento social da indústria da comunicação e para sua prosperidade econômica, e recomendou a adoção de um código de conduta único para todas as empresas.
A criatividade brasileira também foi tema de debate e mobilização no encontro. A palestra ministrada por Nizan Guanaes serviu como um incentivo e valorização da criação nacional. A intenção é investir em propagandas criativas para as firmas nacionais, especialmente aquelas que trabalham com exportação. Assim, sempre que a empresa exportar o produto, estará levando com ela o talento das agências nacionais, abrindo um leque de olhares internacionais à propaganda brasileira. Enfatizou, também, a necessidade de se abrir os olhos dos empresários para a propaganda. "Temos que usar a criatividade brasileira para dar valor agregado ao produto nacional em todo o mundo", declarou Guanaes, que concluiu: "Estamos na era da mundialização da criatividade brasileira. Precisamos criar um mercado com ambição mundial e com profissionais aptos a isso".
A qualidade do ensino universitário não deixou de ser mencionada. Durante o encontro, Guanaes falou sobre a importância da qualificação profissional ainda na academia e insistiu na criação de um programa de estágios sério e no incentivo à criatividade desde cedo. Visto que os novos profissionais são o futuro da profissão. "O Brasil tem que abraçar a criatividade no geral e, sobretudo, essa nova geração de comunicadores. Estes já devem sair da universidade com os olhares voltados para o mercado mundial", declarou Guanaes.
Eduardo Fisher defendeu a criação de uma cadeira de comunicação integrada, que deve ser adotada por todas as instituições de ensino de comunicação social. Já o presidente da Pereira e Odel, PJ Pereira, em entrevista para equipe Máquina Web, ressaltou o diferencial dos 'jovens nativos digitais' para conquistar espaço no mercado de trabalho. "O novo profissional tem que ser criativo e estar ligado no avanço tecnológico", declarou Pereira.
Outros temas como Responsabilidade Socioambiental na Propaganda; Prestação de serviços especializados; Marketing Promocional; Licitações Públicas; Eficácia no planejamento; Realidade dos mercados regionais; Educação, profissão e mercado; além de Carga tributária e Novas Mídias, foram também abordados no encontro.
"Eventos como este são fundamentais para construir o futuro da profissão", declarou Roberto Dualibi, ao mencionar a quantidade de temas debatidos e os feitos que o encontro viabilizou. "Espero que o Congresso sirva como uma grande garantia para o futuro de todos que estão envolvidos na profissão. Todos os profissionais de diferentes áreas unidos pela preservação da publicidade e da liberdade de imprensa, isso é um marco!", afirmou o chairman da W/Brasil e palestrante da comissão Prestadores de Serviços, Washington Olivetto.
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