Aos 68 anos, a atriz Lúcia Alves não sabe precisar exatamente quanto tempo tem de profissão. Mas a carioca, que já atuou em quase todas as emissoras de TV do país, sabe que já ultrapassou os 40 anos de carreira.
O sorriso franco
e escancarado deixou sua marca registrada em mais de 30 novelas que fez na Rede Globo. Seu último trabalho foi em
“Uma rosa com amor”, novela do SBT de 2010 cujo nome ela custou a lembrar. A
saída de Lúcia da história de Tiago Santiago foi polêmica. Na época, o motivo
divulgado pela imprensa foi o temperamento difícil da atriz, o que é negado por
Lúcia. “Eu não sai da novela. Eu fiz a novela até o fim. O diretor (Del
Rangel) é que saiu. Fiquei lá o tempo inteiro e não briguei com o diretor.
Se ele brigou comigo, nem fiquei sabendo. Só soube disso pelo jornal.”
Desde então, Lúcia ficou sumida do vídeo, o que para ela não significa estar
desempregada. ”Existe uma cultura de TV Globo. Se você não está na TV Globo e de
preferência no horário nobre, não está trabalhando. Mas isso não é verdade. Às
vezes tem projeto de teatro que custa a acontecer. Fiz também um trabalho para a
Internet. As pessoas têm a sensação de que você não está atuando só porque não
está na Globo.”
Enquanto está afastada da televisão, ela
tem aproveitado para se dedicar à pintura expressionista, à conclusão do curso
de coaching - desenvolvimento pessoal e profissional -, a ler e a
caminhar. Ela também é formada em Fonaudiologia e pós-graduada em Assessoria de
Imprensa. “O primeiro conflito que tenho quando acordo é: 'Vou caminhar na orla
da praia ou na orla da
Lagoa?'”
Lúcia Alves (Foto: Isac Luz/EGO)
Lúcia mora no apartamento de três quartos em que sempre sonhou viver no
bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio, com a única filha, Renata Alves, gerente
de Marketing de um shopping da cidade. “Passei nesta rua um dia e disse que iria
morar aqui. Entrei, este apartamento estava à venda e comprei”,
contou.
Apesar de não estar atuando, Lúcia garnte que sua vida não é
vazia. “Só não preenche a vida quem não gosta de ler, quem não pinta, quem não
estuda, quem não viaja, quem não tem filho, quem tem casa feia... Eu gosto de
ficar em casa. Minha casa é bonita, eu gosto dela. Quem tem que preencher a vida
com trabalho depois de 40 anos de profissão, está mal. Eu não estou, graças a
Deus”.
Já tive depressão, claro, quem
não teve?"
Lúcia Alves
Mas nem sempre Lúcia esteve tão bem. Apesar de não alimentar baixo astral,
ela já fez uso de remédios para minimizar a tristeza. “Já tive depressão, claro,
quem não teve? Bastante forte, por sinal. Depressão a gente segura com remédio.
Esta gente que diz que segura a depressão correndo na esteira é louca. Você
fabricar endorfina, mas ela não dura 48 horas. Tem que tomar um remédio para
ajudar. Além disso, você precisa criar um ambiente harmônico. O depressivo cria
um ambiente desarmônico em torno dele. Remédio é para o momento de crise, você
toma e depois para.”
Antes de varar a noite assistindo a séries americanas como “House” e depois
de navegar pelas redes sociais Facebook e Twitter em um dos três computadores
que mantém em casa, Lúcia Alves se delicia com “Avenida
Brasil”. “Esse é um momento especial em que eu gostaria de estar atuando.
Essa novela das nove é sensacional, muito moderna. As coisas acontecem sem o
autor enrolar o público. Os atores conseguem mostrar seu jeito de atuar, pois a
novela não tem a mão pesada do diretor. Eles parecem gente mesmo.”
Se pudesse mudar o passado, Lúcia afirma que não alteraria uma linha de sua
história. “Sou uma pessoa feliz. Não cresci querendo ser atriz e me considero
bem-sucedida. Pude ter a graça de estudar. Minhas dificuldades, pude vencer.
Sofrimentos foram transformados em coisas boas e tenho um temperamento
fantástico. Sento no meio fio, choro, roo pé de mesa e pronto, acabou, passa.
Sofrimento passa.”
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