segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Uma análise do mensalão - Nelson Motta - ESPETACULAR‏


Publicado em 10-08-2012
Nina e Carminha em Brasília - Nelson Motta
 
Se o mensalão não tivesse existido, ou se não fosse descoberto, ou se
Roberto Jefferson não o denunciasse, muito provavelmente não
seria Dilma, mas Zé Dirceu o ocupante do Palácio da Alvorada, de onde
certamente nunca mais sairia. Roberto Jefferson tem todos os motivos
para exigir seu crédito e nossa eterna gratidão por seu feito heroico:
"Eu salvei o Brasil do Zé Dirceu."
 
Em 2005, Dirceu dominava o governo e o PT, tinha Lula na mão, era o
candidato natural à sua sucessão. E passaria como um trator
sobre quem ousasse se opor à sua missão histórica. Sua companheira de
armas Dilma Rousseff poderia ser, no máximo, sua Chefe da Casa Civil,
ou presidente da Petrobras.
 
Com uma campanha milionária comandada por João Santana,
bancada por montanhas de recursos não contabilizados arrecadados pelo
nosso Delúbio, e Lula com 85% de popularidade animando os palanques,
massacraria Serra no primeiro turno e subiria a rampa do Planalto nos
braços do povo, com o grito de guerra ecoando na Esplanada: "Dirceu
guerreiro/ do povo brasileiro." Ufa!
 
A Jefferson também devemos a criação do termo "mensalão".
Ele sabia que os pagamentos não eram mensais, mas a periodicidade era
irrelevante. O importante era o dinheirão. Foi o seu instinto
marqueteiro que o levou a cunhar o histórico apelido que popularizou a
Ação Penal 470 e gerou a aviltante condição de "mensaleiro", que
perseguirá para sempre até os eventuais absolvidos. O que poderia
expressar melhor a ideia de uma conspiração para controlar o Estado
com uma base parlamentar comprada com dinheiro público e sujo? Nem
Nizan Guanaes, Duda Mendonça e Washington Olivetto juntos criariam uma
marca mais forte e eficiente. Mas antes de qualquer motivação
política, a explosão do maior escândalo do Brasil moderno é fruto de
um confronto pessoal, movido pelos instintos mais primitivos, entre
Jefferson e Dirceu.

Como Nina e Carminha da política, é a história de uma
vingança suicida, uma metáfora da luta do mal contra o mal, num choque
de titãs em que se confundem o épico e o patético, o trágico e o
cômico, a coragem e a vilania. Feitos um para o outro.

O "chefe" sempre foi José Dirceu. Combativo, inteligente,
universitário -
não sei se completou o curso - fala vários idiomas, treinado
em Cuba e na Antiga União Soviética, entre outras coisas. E com uma fé
cega em implantar a Ditadura do Proletariado a "La Cuba".

Para isso usou e abusou de várias pessoas e, a mais importante - pelos
resultados alcançados - era Lula. Ignorante, iletrado, desonesto, sem
ideais, mas um grande manipulador de pessoas, era o joguete
ideal para o inspirado José Dirceu.

Lula não tinha caráter nem ética, e até contava, entre risos, que sua
família só comia carne quando seu irmão "roubava" mortadela
no mercado onde trabalhava. Ou seja, o padrão ético era frágil . E
ele, o Dirceu, fizera tudo direitinho, estava na hora de colher os
frutos e implantar seu sonho no país. Aí surgiu Roberto Jefferson... e
deu no que deu.

A análise de Nelson Motta está perfeita.

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