O recém lançado comercial Posto 10, da marca Havaianas,
é mais uma dentre as tantas propagandas a que assistimos no nosso
cotidiano.
E que, desapercebidamente, reforçam estereótipos que
destacam algumas das características mais ultrapassadas que podemos atribuir às
mulheres.
No comercial, uma mulher jovem, linda e magra, que
marcou um encontro na praia com o parceiro (namorado/marido…), se vê intimidada
pela presença de uma outra mulher, um pouco mais jovem, mais linda e mais
magra.
Em menos de 30 segundos, a agência de publicidade
conseguiu retratar a mulher “normal” – a que não é nenhuma beldade, mas nem por
isso é feia – como uma mulher insegura, que não consegue confiar em si mesma e
nem no relacionamento que tem com o parceiro. Uma mulher que acha que o parceiro
vai deixar de lhe dar atenção, ou que vai dar de cima de outra, simplesmente
porque esta outra é supostamente mais bonita e está sentada perto deles, na
praia. Uma mulher que está sempre pronta para competir com as demais, inclusive
num momento que deveria ser o de relaxar e curtir uma praia junto ao
parceiro.
Além disso, a propaganda, por que não dizer, retrata
também os homens como cafajestes: como se eles estivessem somente à espera de
uma mulher mais bonita para abandonar a atual parceira. Como se mulheres mais
bonitas não existissem aos montes, e como se as relações se sustentassem apenas
na beleza.
Claro que é “apenas uma propaganda”. Claro que “existem
mulheres assim”. E claro que “devem existir homens assim”. A questão é que, seja
para vender chinelos, cerveja, roupas ou sabão em pó, as agências de publicidade
ainda insistem em explorar esses estereótipos que deveriam ser capazes de
ofender a inteligência de qualquer espectador. Isso, claro, se não estivéssemos
tão acostumados – e por isso anestesiados – com esse tipo de
abordagem.
Felizes os dias em que as propagandas de chinelo se
dedicavam a apresentar as qualidades dos… chinelos!
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