Levantar a bandeira de alguma causa social é algo normal nas novelas de
Glória Perez. Em Carmem, exibida pela Manchete em 1986, a autora fez a primeira
campanha sobre Aids. Em Explode Coração, discutiu o desaparecimento de crianças.
A mais recente Caminho das Índias abordou a esquizofrenia. Agora, em Salve
Jorge, que estreia na segunda-fiera (22), na Gloob, ela vai colocar em pauta o
tráfico humano – seja para fins sexuais, adoção ilegal ou de trabalho
doméstico.
"Espero que consigamos, através da prevenção, ajudar muitas pessoas a não
caírem nessa cilada e também ajudar às que caíram a voltar para casa",
almeja.
"Como em outras campanhas minhas, quero dar voz a quem não tem. Ao longo da
pesquisa, conversei com diversas vítimas e boa parte delas dará depoimentos para
a novela", acrescenta.
Com direção de núcleo e geral de Marcos
Schechtman – com quem Glória Perez tem uma parceria de longa data – a novela tem
dois cenários principais: a Turquia e o Complexo do Alemão, conjunto de favelas
da Zona Norte do Rio de Janeiro. A protagonista da trama, Morena, vivida por
Nanda Costa, é moradora da comunidade e se apaixona por Theo, interpretado por
Rodrigo Lombardi, capitão da cavalaria que trabalha na pacificação do Alemão.
Mas o romance será permeado pelos previsíveis encontros e
desencontros. Principalmente por causa de Érica, de Flávia Alessandra, que forma
o terceiro vértice do triângulo amoroso. Tudo fica mais difícil quando Morena
resolve ir para a Turquia atrás de uma suposta oportunidade de trabalho. Mas
acaba caindo na rede de tráfico de pessoas, comandada por Lívia, de Cláudia
Raia.
"Chorei muito porque ouvi mães que perderam suas filhas. É um tema muito
pesado", revela a intérprete da vilã do folhetim sobre sua preparação para o
papel.
Os trabalhos na Turquia duraram 45 dias. A equipe da novela e
parte do elenco, como Alexandre Nero, Cleo Pires e Tiago Abravanel, começaram a
jornada pela região da Capadócia, onde foram gravadas as cenas de passeios de
balões, tradicionais no local, e sequências com mais de 350 cavalos com os
atores Rodrigo Lombardi e Domingos Montagner, que interpreta o turco Zyah.
Depois, todos seguiram em direção à Istambul, onde foram feitos takes em famosos
cartões-postais, como a Basílica de Santa Sofia, a Mesquita Azul e o Palácio
Topkapi.
"Começamos a gravar bem cedinho, antes das cinco da manhã, para aproveitarmos
a melhor luz. Fomos muito bem recebidos pelo povo turco", revela Marcos
Schechtman, que garantiu cerca de 600 cenas na viagem.
Para recriar uma
parte da Turquia, a equipe de cenografia, liderada por Mario Monteiro e Juliana
Carneiro, construiu uma versão de Istambul em 5,3 mil m². Nela, estão presentes
o Grande Bazar, com muitos corredores, lojas e restaurantes; um aqueduto, que
faz referência ao Aqueduto de Valente, e o portão que reproduz a entrada do
Palácio Küçüksu.
"Nosso desafio foi representar o espírito desses
universos em toda a sua complexidade e não apenas replicar os lugares", explica
Juliana.
A Capadócia fictícia tem uma extensão de 5 mil m ² divididos entre a área
rural – com formações rochosas típicas da região – e a turística –, que contém
lojas para atrair os visitantes.
"O ambiente da Capadócia é muito impactante, muito diferente e tentamos
reproduzir tudo isso, especialmente a geografia tão peculiar", acrescenta a
cenógrafa.
Já a cidade cenográfica do Complexo do Alemão possui 1,8 mil m², onde foram
construídas casas, estabelecimentos comerciais e apresenta as principais
características da comunidade. Entre elas, ruas estreitas, fiação elétrica e
caixas d'água aparentes.
"A dança turca, especialmente a Kavkaz, é um ritmo em que prepondera o
masculino. Ela tem muitos giros, palmas e até saltos mortais", explica a
pesquisadora e coreógrafa Sandra Regina, que há 25 anos cuida de todos os
números de dança das novelas de Glória Perez.
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