sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Glória Perez: "Quero dar voz a quem não tem"



Levantar a bandeira de alguma causa social é algo normal nas novelas de Glória Perez. Em Carmem, exibida pela Manchete em 1986, a autora fez a primeira campanha sobre Aids. Em Explode Coração, discutiu o desaparecimento de crianças. A mais recente Caminho das Índias abordou a esquizofrenia. Agora, em Salve Jorge, que estreia na segunda-fiera (22), na Gloob, ela vai colocar em pauta o tráfico humano – seja para fins sexuais, adoção ilegal ou de trabalho doméstico.
"Espero que consigamos, através da prevenção, ajudar muitas pessoas a não caírem nessa cilada e também ajudar às que caíram a voltar para casa", almeja.
O merchandising social da novela, inclusive, angariou apoios importantes como o do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, já que é um crime internacional.

"Como em outras campanhas minhas, quero dar voz a quem não tem. Ao longo da pesquisa, conversei com diversas vítimas e boa parte delas dará depoimentos para a novela", acrescenta. 

Com direção de núcleo e geral de Marcos Schechtman – com quem Glória Perez tem uma parceria de longa data – a novela tem dois cenários principais: a Turquia e o Complexo do Alemão, conjunto de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. A protagonista da trama, Morena, vivida por Nanda Costa, é moradora da comunidade e se apaixona por Theo, interpretado por Rodrigo Lombardi, capitão da cavalaria que trabalha na pacificação do Alemão. Mas o romance será permeado pelos previsíveis encontros e desencontros. Principalmente por causa de Érica, de Flávia Alessandra, que forma o terceiro vértice do triângulo amoroso. Tudo fica mais difícil quando Morena resolve ir para a Turquia atrás de uma suposta oportunidade de trabalho. Mas acaba caindo na rede de tráfico de pessoas, comandada por Lívia, de Cláudia Raia.


"Chorei muito porque ouvi mães que perderam suas filhas. É um tema muito pesado", revela a intérprete da vilã do folhetim sobre sua preparação para o papel. 

Os trabalhos na Turquia duraram 45 dias. A equipe da novela e parte do elenco, como Alexandre Nero, Cleo Pires e Tiago Abravanel, começaram a jornada pela região da Capadócia, onde foram gravadas as cenas de passeios de balões, tradicionais no local, e sequências com mais de 350 cavalos com os atores Rodrigo Lombardi e Domingos Montagner, que interpreta o turco Zyah. Depois, todos seguiram em direção à Istambul, onde foram feitos takes em famosos cartões-postais, como a Basílica de Santa Sofia, a Mesquita Azul e o Palácio Topkapi.


"Começamos a gravar bem cedinho, antes das cinco da manhã, para aproveitarmos a melhor luz. Fomos muito bem recebidos pelo povo turco", revela Marcos Schechtman, que garantiu cerca de 600 cenas na viagem.

Para recriar uma parte da Turquia, a equipe de cenografia, liderada por Mario Monteiro e Juliana Carneiro, construiu uma versão de Istambul em 5,3 mil m². Nela, estão presentes o Grande Bazar, com muitos corredores, lojas e restaurantes; um aqueduto, que faz referência ao Aqueduto de Valente, e o portão que reproduz a entrada do Palácio Küçüksu.

"Nosso desafio foi representar o espírito desses universos em toda a sua complexidade e não apenas replicar os lugares", explica Juliana.

A Capadócia fictícia tem uma extensão de 5 mil m ² divididos entre a área rural – com formações rochosas típicas da região – e a turística –, que contém lojas para atrair os visitantes.
"O ambiente da Capadócia é muito impactante, muito diferente e tentamos reproduzir tudo isso, especialmente a geografia tão peculiar", acrescenta a cenógrafa.
Já a cidade cenográfica do Complexo do Alemão possui 1,8 mil m², onde foram construídas casas, estabelecimentos comerciais e apresenta as principais características da comunidade. Entre elas, ruas estreitas, fiação elétrica e caixas d'água aparentes.
O elenco participou de um intenso workshop para entender melhor a atmosfera da novela. Além de assistirem a palestras sobre os temas presentes na trama, os atores tiveram três meses de preparação corporal. O núcleo turco, inclusive, aprendeu vários tipos de danças do país, principalmente a kavkaz, que será a mais explorada na história.
"A dança turca, especialmente a Kavkaz, é um ritmo em que prepondera o masculino. Ela tem muitos giros, palmas e até saltos mortais", explica a pesquisadora e coreógrafa Sandra Regina, que há 25 anos cuida de todos os números de dança das novelas de Glória Perez.  

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