quarta-feira, 1 de outubro de 2008

CLAUDIA MATARAZZO: ETIQUETA E CERIMONIAL SEM FRESCURA


Daniel Limas


Claudia Matarazzo é cantora, jornalista de formação, especialista em etiqueta e comportamento e, desde janeiro de 2007, atua como chefe do cerimonial do Governo do Estado de São Paulo. No Jornalismo, já atuou nas mais diversas mídias: revistas, jornais, rádio, Internet e televisão. No mercado editorial, já escreveu 10 livros - o primeiro deles, Etiqueta sem Frescura, já está na 29ª edição. E vem mais novidades por aí!

Como ela mesma define, sua carreira não foi planejada. Aos 17 anos, iniciou um estágio de Jornalismo no Grupo Abril, onde ficou por oito anos e até foi premiada. Mas seu currículo traz contribuições para diversos outros veículos.

No início da carreira, ela tentou conciliar o Jornalismo com a música – que, por sinal, era sua primeira opção. Apesar de ter um importante Prêmio Sharp em sua carreira musical, ganho em 1997, na categoria Revelação, o Jornalismo aconteceu mais rápido. Mas nem por isso Claudia largou a música.

Há vários anos, Claudia ministra palestras por todo o Brasil na área de comportamento pessoal e profissional. Na televisão, sua mais recente passagem foi no programa Mais Você, da Rede Globo, em que apresentava um quadro semanal sobre etiqueta. Antes disso, comandou os programas Sucesso, na Rede CNT, e Manhã Paulista e Vídeo Gazeta, na TV Gazeta, em São Paulo.

Em entrevista exclusiva concedida ao Jornal Carreira & Sucesso, Claudia Matarazzo explica os caminhos percorridos ao longo de sua carreira. Confira!


Jornal Carreira & Sucesso: Você já atuou em diversas áreas, como a música, o Jornalismo e em consultoria de etiqueta. Houve um planejamento da sua carreira?
Claudia Matarazzo:
Foi por acaso. Na época em que eu apresentava um programa na televisão, conversava com um amigo - que é músico, por sinal - e ele comentou que tinha uma "pequena" gráfica - no caso, a Melhoramentos. Ele é o dono. Passado um determinado tempo, num ensaio de música, voltamos a nos falar e ele me convidou para escrever um livro sobre etiqueta. Parece estranho não termos falado de livros antes, mas nesses ensaios ninguém fica falando da vida pessoal. E foi aí que escrevi o meu primeiro livro: "Etiqueta sem Frescura", publicado em 1992.

C&S: Inicialmente, como você reagiu à proposta?
Claudia Matarazzo:
Eu imaginei que não tinha nada a ver comigo. Ainda bem que eu me enganei, né!? Eu me achava muito alternativa. Em nossas conversas, ele me disse que eu tinha uma imagem bastante jovem. Propus fazer um livro sem muita frescura, pois eu achava o assunto etiqueta muito chato. Para meu espanto, o livro fez muito sucesso na época. Chegou a vender quase uma edição por semana!

C&S: Desde então, você já escreveu 10 livros. Por que você acha que este assunto é tão requisitado?
Claudia Matarazzo:
1992 era uma época em que o mundo estava voltando a falar sobre etiqueta. Por conta da revolução da informação, as pessoas procuravam resgatar códigos comportamentais. Era o momento. Entre os anos 60 e 80, épocas de Woodstock e Rolling Stones, este assunto ficou parado, ninguém falava sobre etiqueta. Antes da publicação do meu livro, já havia sido publicado o "Na Sala com Danuza", mas resolvemos apostar em algo mais moderno.

C&S: E como surgiu a oportunidade de ser chefe do cerimonial do Governo do Estado de São Paulo?
Claudia Matarazzo:
O convite partiu do governador José Serra logo no início do governo.

C&S: E como você reagiu a este convite?
Claudia Matarazzo:
Na hora, pensei em agradecer e recusar. Eu não queria de jeito nenhum estar na área de cerimonial. Acho que ela é a mais árida dessa área de comportamento, é a mais difícil e delicada. Sempre fugi dela. Mas pensei: "não posso continuar falando sobre esse assunto, dando palestras, sem viver uma oportunidade como esta!" Se eu não aceitasse, não ia conseguir mais me olhar no espelho. Mas logo percebi que o governador José Serra é bastante objetivo e não gosta muito de protocolos. Combina muito com meu estilo. Ele não gosta de muita frescura nem rococó.

C&S: Depois de um ano e oito meses, o cerimonial continua sendo árido?
Claudia Matarazzo:
Ainda hoje, sofro muito, viu?! Às vezes traz angústia, mas ao mesmo tempo é muito enriquecedor, pois há eventos praticamente todos os dias, e neles se aprende muito. Outra coisa muito compensadora é ter voltado a trabalhar em equipe, algo que não fazia há 12 anos. Você também aprende muito com a riqueza das culturas. De manhã, você pode estar num evento na periferia. À noite, você faz um evento para um príncipe.

C&S: Como é para você tratar com este tipo de personalidade: chefes de Estado, príncipes...?
Claudia Matarazzo:
É muito gratificante. Eu diria que é a melhor parte. No ano em que eu entrei, tivemos importantes eventos, como o planejamento das visitas oficiais da Sua Santidade, o Papa Bento XVI, e do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Este ano já recebemos o príncipe herdeiro Naruhito, do Japão, para as festividades do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.

C&S: Quais são os maiores desafios da sua atual função?
Claudia Matarazzo:
Acredito que seja organizar os eventos gastando pouco, pois não podemos esquecer que o dinheiro é público. E eu ainda sou filha de libaneses, sou muito pão-dura e muito pé-no-chão. Ao mesmo tempo, temos ainda que dosar a simplicidade e fazer à altura do Estado de São Paulo. Outro grande desafio é formatar os eventos para a realidade de determinada cidade. Existem muitas localidades que não têm uma boa infra-estrutura. Muitas vezes, nem mesmo o espaço da festa comporta o número de participantes.

C&S: E como está o mercado de eventos? Há uma tendência de profissionalização?
Claudia Matarazzo:
Eu vejo o mercado de duas maneiras. É muito bom que o profissional desta área esteja se profissionalizando e que o mercado esteja crescendo, mas acho que isso deve ser usado nas empresas e em grandes eventos. Hoje em dia, quase todo casamento tem um cerimonialista. Sou um pouco resistente com relação a isso. Antes, sempre tinha uma tia e uma prima que ajudavam nos preparativos. Hoje, os casamentos são feitos para 500 pessoas. É muita gente. Ninguém aproveita, todos se cansam e ainda por cima fica impessoal. Já dentro das empresas, acho importante ter alguém para unificar a comunicação e a maneira de a empresa receber seu público.

C&S: Qual você considera a pior gafe em um evento?
Claudia Matarazzo:
A pior é ser arrogante. Existe muita precedência nos cerimoniais. As pessoas se acham muito importantes. É claro que existe essa questão de ser importante, mas é horrível quando a pessoa dá uma carteirada. É muito feio também quando o cerimonialista fica bajulando as celebridades e desconsidera o público restante. Todos que estão ali são importantes.

C&S: O que você planeja para o futuro? Há planos?
Claudia Matarazzo:
Não sou muito de pensar no futuro, não. Já tenho um novo livro encaminhado para o ano que vem. Penso também em voltar a fazer rádio, que é uma atividade que eu adoro. E a estudar piano. Inclusive, já voltei com meu piano para a sala.

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