Letícia Fagundes
Aos 42 anos, ela se diz mais madura, equilibrada e "infinitamente feliz". Muito porque, hoje, definitivamente, Ana Paula Padrão pode se afirmar realmente uma profissional independente. E muito porque, hoje, também pode dizer ao mundo que se importa não apenas com a profissão, mas com a vida como um todo, o que inclui marido, casa, amigos.
Ao longo da carreira e de quase 20 anos de TV Globo, cobriu a Guerra do Kosovo, a Copa do Mundo de 98, fez reportagens sobre o regime do Talibã, no Afeganistão. Durante o 11 de setembro de 2001, entrou no ar ao vivo, onde permaneceu por horas transmitindo a queda das Torres Gêmeas e todos os acontecimentos daquele dia marcante para a história americana e mundial. Foi correspondente internacional em Londres e Nova York, esteve à frente dos principais telejornais brasileiros e causou surpresa ao trocar, em 2005, a Globo pelo SBT.
"Eu só consigo trabalhar feliz porque eu participo profundamente das coisas que faço. Não sou uma pessoa acomodada. Mudo quando acho que não estou feliz. Fazer mudança na minha vida me dá a sensação de que estou viva", esclarece ela, que garante que a decisão foi motivada por desafios profissionais e felicidade pessoal.
Remontou a redação do SBT, ficou responsável pelo principal telejornal da emissora durante dois anos, até que partiu para uma nova fase. Montou a própria agência, a Touareg, que produz conteúdo tanto para o programa semanal SBT Realidade como para o mundo corporativo. Embarcou de cabeça no universo empresarial, pelo qual anda bastante encantada.
"Adoro, basicamente, estar onde as coisas acontecem. Sempre busquei isso e eu acho que hoje as coisas estão acontecendo dentro das empresas. É pra lá que a sociedade vai migrar... Fico muito feliz quando uma empresa precisa de alguém que chegue e diga: o seu DNA é esse, a sua maneira de se comunicar com as pessoas é essa, e isso tem reflexo direto na comunicação interna ou externa daquela empresa."
Assim, já conquistou clientes como Magazine Luiza, CNI, Monsanto, Vale, Sadia. [acesse o vídeo para assistir à entrevista dela ao Catho Notícias sobre comunicação empresarial]
Para conversar sobre todos esses universos, Ana Paula nos recebeu na própria Touareg, em São Paulo.
Jornal Carreira & Sucesso: Começando pelo começo...(risos), como aconteceu a troca do balé pelo Jornalismo? [Ana Paula chegou a ser bailarina profissional na adolescência] Ana Paula Padrão: A dança era muito absorvente. Era vida de atleta mesmo. Você passa quatro, cinco horas treinando por dia para a sua perna subir 10 centímetros. E quando você passa duas semanas de férias, ela cai 20 centímetros! Como qualquer atleta, seu rendimento depende diretamente da quantidade de treino. E eu tinha outras ambições na vida. Eu queria viajar, ler, tinha ambições intelectuais, queria fazer faculdade... Foi uma escolha que se deu pelo momento de vida que eu queria ter. Então, não foi uma decisão tão difícil, embora dolorida.
C&S: A partir dessa escolha, você construiu uma marca que virou sinônimo de reportagem densa, de coberturas internacionais, de guerra. Foi um caminho natural ou você sempre buscou isso? Ana Paula Padrão: Eu busquei, batalhei por isso. Tenho muita dificuldade em relação aos critérios de sorte que o mercado estabelece. Sorte não cai do céu. Sorte é trabalho. Se todos os dias você bate na porta de uma fonte de quem você quer extrair uma informação, você bate na porta 365 dias do ano. No último dia, a informação virá. Então, não é algo que cai no seu colo. Sorte está diretamente relacionada a trabalho e a empenho. E hoje eu estou certa de que carreira não se faz sozinha. Carreira é administração. Que carreira você quer ter? Eu administrei minha carreira para isso. Eu amo o Jornalismo, eu adoro ser jornalista, adoro a rua. Adoro, basicamente, estar onde as coisas acontecem. Eu sempre busquei isso e eu acho que hoje as coisas estão acontecendo dentro das empresas. É para lá que a sociedade vai migrar. As empresas vão ter a grande responsabilidade nos próximos anos, e é por isso que eu também estou migrando um pouco para essa área agora.
C&S: Além das reportagens, você ficou muito tempo à frente de bancadas de importantes telejornais brasileiros, como o Jornal Nacional e o Jornal da Globo. Qual a sua relação com a bancada? Qual o tamanho dessa responsabilidade? Ana Paula Padrão: A bancada pura e simples, a apresentação pura e simples é a parte menos interessante de tudo isso. Fechar um jornal é um processo muito mais interessante, porque você deve colocar na balança vários pesos, fazer definições muito importantes. Que peso e que tempo você vai dar para a matéria A e que peso e tempo para a matéria B? Qual orientação você vai dar para o repórter A? E para o B? Em que momento do jornal você vai colocar a matéria A? Isso sim é um desafio diário. É uma pena que tenha se glamourizado tanto o papel do jornalista que apresenta a notícia, porque isso é apenas questão de talento e treino. O difícil é passar verdade nisso tudo, é passar a sensação de que você participou do jornal inteiro, de que você comandou todo o processo. Isso, sim, cola. Eu acho que é por isso que as pessoas até hoje me cobram muito para que eu ainda esteja na bancada, mas é porque eu tinha uma influência em todo o jornal. Isso é muito interessante.
C&S: E por que você trocou a Globo pelo SBT? O que levou você a tomar essa decisão? Ana Paula Padrão: Eu disse para todo mundo que aquela era uma mudança de vida, não apenas de emprego. Eu sou muito racional, muito pouco impulsiva. Eu até gostaria de ser um pouquinho mais irresponsável (risos). Mas penso muito naquilo que vou fazer. As coisas vão se acumulando dentro de mim até o momento em que olho e vejo que tenho de tomar uma decisão e mudar. E em um determinado momento eu me senti muito infeliz de maneira geral. Se ficasse ali, seria para sempre uma apresentadora, porque qualquer passo diferente dentro daquela corporação pareceria um passo atrás. Eu estava também em um momento de pouca satisfação pessoal, porque tinha um horário de trabalho muito difícil. Até tentei negociar isso, mas vi que precisava mudar a minha vida mesmo. E aí eu tive uma grande proposta para fazer algo que seria um grande desafio, que foi o de remontar uma redação que praticamente não existia, com o compromisso de, mais pra frente, poder apresentar um projeto meu. Foi o que fiz. Fiquei quase dois anos à frente de um telejornal diário e depois propus exatamente o que queria: fazer um programa semanal a partir da minha própria produtora, algo que ia me dar um contato muito maior com o mercado independente, que era onde eu queria chegar. Ainda estou engatinhando neste mercado, logicamente. Mas quanto mais eu o conheço, mais feliz estou com a minha decisão, mais de bem com a vida e mais certa de que isso é o que me faz feliz.
C&S: Acho que a sua decisão tem um significado para todo profissional, mas principalmente para toda mulher que está no mercado de trabalho: a idéia de que é fundamental pensar no lado pessoal e ser feliz. Você nota isso? Ana Paula Padrão: Eu passei a ser muito procurada por mulheres para falar para mulheres, passar o meu exemplo para elas. Eu acho que isso tem dois motivos. Primeiro porque até mesmo nos piores momentos e nas piores reportagens eu nunca me masculinizei, nunca abri mão do fato de que sou mulher. Eu acho que a gente não precisa se masculinizar para ter uma vida profissional independente e respeitada. E segundo porque eu passei a dar importância pública a coisas que as mulheres dão muita importância: são os outros universos que não o profissional. Eu acho que tão importante quanto você se realizar como mulher profissional é você se realizar como mulher esposa, mulher bonita, mulher mãe. Enfim, uma pessoa capaz de administrar todos os universos da vida e não se sentir apenas uma máquina de trabalhar, não viver pela expectativa do outro. Eu sentia muito isso na bancada...É o cabelo dela, a maquiagem dela, o que ela vai fazer no final de semana, está com olheira ou sem olheira.... Eu quero ser mais euzinha, sabe? Eu tinha muita vontade de poder tomar decisões que não fossem impactar tanta gente, poder ter ócio, não ser tão reconhecida em muitos lugares, ter uma vida mais simples e tranqüila. E eu acho que isso atraiu as mulheres. Tenho falado muito com elas, dado muita palestra e espero estar levando um benefício. Eu quero passar a idéia de que com trabalho e determinação, se você tiver certeza daquilo que está fazendo, faça. Não tenha medo de abdicar de alguma coisa. Eu abdiquei de muitas e deu muito certo. Estou tão mais feliz, foi tão bom para a minha realização profissional e pessoal, estou tão mais equilibrada. Então, se você tem certeza, vai dar certo.
C&S: Como você considera seu atual momento? Ana Paula Padrão: Eu estou mais madura. Talvez seja o meu melhor momento em termos de maturidade, porque eu sei o que quero, quase sempre sei o que tenho de fazer para chegar lá. Definitivamente, sei o que não quero e sou muito mais feliz de maneira geral em todos os aspectos. Sou mais feliz no meu casamento, eu aprendo todos os dias a administrar uma empresa, fico muito feliz quando vejo que uma empresa precisa de mim, precisa do serviço que eu posso prestar, uma empresa que precisa de alguém que chegue e diga: o seu DNA é esse, a sua maneira de se comunicar com as pessoas é essa e isso tem reflexo direto na comunicação interna ou externa daquela empresa. Eu fico muito feliz quando eu posso decidir, junto com a minha equipe, qual reportagem eu vou fazer, como eu vou desenvolver essa reportagem, levar ao ar e ter um bom retorno disso. Fico muito feliz quando a gente desenvolve um projeto novo, um formato novo. Enfim, fico muito feliz por poder abrir meu leque, por poder usar tudo que eu acumulei de conhecimento na minha profissão e devolver isso de alguma maneira para vários setores. Eu me sinto muito melhor assim do que apenas transmitindo as notícias do dia. Eu sei que tinha uma responsabilidade com esse público, eu sei que esse público sente saudade de mim. Talvez até seja uma visão meio egoísta, mas tem uma hora que a gente tem de ser um pouco egoísta e pensar no que é bom para você mesma, porque se você está bem, você vai passar a coisa certa. Hoje eu estou mais madura, mais equilibrada e infinitamente mais feliz.
C&S: E isso é sucesso para você? Ana Paula Padrão: Para mim é. Sucesso é equilíbrio, parceria, felicidade, paz de espírito, tempo para um amigo, para o seu marido, é você desenvolver a capacidade de ser uma boa líder, é você ter certeza de que escolheu o caminho certo para você. Eu tenho 42 anos, tenho muita capacidade de trabalho ainda pela frente e eu me sinto viva e começando. Isso é impagável. Isso é sucesso
Aos 42 anos, ela se diz mais madura, equilibrada e "infinitamente feliz". Muito porque, hoje, definitivamente, Ana Paula Padrão pode se afirmar realmente uma profissional independente. E muito porque, hoje, também pode dizer ao mundo que se importa não apenas com a profissão, mas com a vida como um todo, o que inclui marido, casa, amigos.
Ao longo da carreira e de quase 20 anos de TV Globo, cobriu a Guerra do Kosovo, a Copa do Mundo de 98, fez reportagens sobre o regime do Talibã, no Afeganistão. Durante o 11 de setembro de 2001, entrou no ar ao vivo, onde permaneceu por horas transmitindo a queda das Torres Gêmeas e todos os acontecimentos daquele dia marcante para a história americana e mundial. Foi correspondente internacional em Londres e Nova York, esteve à frente dos principais telejornais brasileiros e causou surpresa ao trocar, em 2005, a Globo pelo SBT.
"Eu só consigo trabalhar feliz porque eu participo profundamente das coisas que faço. Não sou uma pessoa acomodada. Mudo quando acho que não estou feliz. Fazer mudança na minha vida me dá a sensação de que estou viva", esclarece ela, que garante que a decisão foi motivada por desafios profissionais e felicidade pessoal.
Remontou a redação do SBT, ficou responsável pelo principal telejornal da emissora durante dois anos, até que partiu para uma nova fase. Montou a própria agência, a Touareg, que produz conteúdo tanto para o programa semanal SBT Realidade como para o mundo corporativo. Embarcou de cabeça no universo empresarial, pelo qual anda bastante encantada.
"Adoro, basicamente, estar onde as coisas acontecem. Sempre busquei isso e eu acho que hoje as coisas estão acontecendo dentro das empresas. É pra lá que a sociedade vai migrar... Fico muito feliz quando uma empresa precisa de alguém que chegue e diga: o seu DNA é esse, a sua maneira de se comunicar com as pessoas é essa, e isso tem reflexo direto na comunicação interna ou externa daquela empresa."
Assim, já conquistou clientes como Magazine Luiza, CNI, Monsanto, Vale, Sadia. [acesse o vídeo para assistir à entrevista dela ao Catho Notícias sobre comunicação empresarial]
Para conversar sobre todos esses universos, Ana Paula nos recebeu na própria Touareg, em São Paulo.
Jornal Carreira & Sucesso: Começando pelo começo...(risos), como aconteceu a troca do balé pelo Jornalismo? [Ana Paula chegou a ser bailarina profissional na adolescência] Ana Paula Padrão: A dança era muito absorvente. Era vida de atleta mesmo. Você passa quatro, cinco horas treinando por dia para a sua perna subir 10 centímetros. E quando você passa duas semanas de férias, ela cai 20 centímetros! Como qualquer atleta, seu rendimento depende diretamente da quantidade de treino. E eu tinha outras ambições na vida. Eu queria viajar, ler, tinha ambições intelectuais, queria fazer faculdade... Foi uma escolha que se deu pelo momento de vida que eu queria ter. Então, não foi uma decisão tão difícil, embora dolorida.
C&S: A partir dessa escolha, você construiu uma marca que virou sinônimo de reportagem densa, de coberturas internacionais, de guerra. Foi um caminho natural ou você sempre buscou isso? Ana Paula Padrão: Eu busquei, batalhei por isso. Tenho muita dificuldade em relação aos critérios de sorte que o mercado estabelece. Sorte não cai do céu. Sorte é trabalho. Se todos os dias você bate na porta de uma fonte de quem você quer extrair uma informação, você bate na porta 365 dias do ano. No último dia, a informação virá. Então, não é algo que cai no seu colo. Sorte está diretamente relacionada a trabalho e a empenho. E hoje eu estou certa de que carreira não se faz sozinha. Carreira é administração. Que carreira você quer ter? Eu administrei minha carreira para isso. Eu amo o Jornalismo, eu adoro ser jornalista, adoro a rua. Adoro, basicamente, estar onde as coisas acontecem. Eu sempre busquei isso e eu acho que hoje as coisas estão acontecendo dentro das empresas. É para lá que a sociedade vai migrar. As empresas vão ter a grande responsabilidade nos próximos anos, e é por isso que eu também estou migrando um pouco para essa área agora.
C&S: Além das reportagens, você ficou muito tempo à frente de bancadas de importantes telejornais brasileiros, como o Jornal Nacional e o Jornal da Globo. Qual a sua relação com a bancada? Qual o tamanho dessa responsabilidade? Ana Paula Padrão: A bancada pura e simples, a apresentação pura e simples é a parte menos interessante de tudo isso. Fechar um jornal é um processo muito mais interessante, porque você deve colocar na balança vários pesos, fazer definições muito importantes. Que peso e que tempo você vai dar para a matéria A e que peso e tempo para a matéria B? Qual orientação você vai dar para o repórter A? E para o B? Em que momento do jornal você vai colocar a matéria A? Isso sim é um desafio diário. É uma pena que tenha se glamourizado tanto o papel do jornalista que apresenta a notícia, porque isso é apenas questão de talento e treino. O difícil é passar verdade nisso tudo, é passar a sensação de que você participou do jornal inteiro, de que você comandou todo o processo. Isso, sim, cola. Eu acho que é por isso que as pessoas até hoje me cobram muito para que eu ainda esteja na bancada, mas é porque eu tinha uma influência em todo o jornal. Isso é muito interessante.
C&S: E por que você trocou a Globo pelo SBT? O que levou você a tomar essa decisão? Ana Paula Padrão: Eu disse para todo mundo que aquela era uma mudança de vida, não apenas de emprego. Eu sou muito racional, muito pouco impulsiva. Eu até gostaria de ser um pouquinho mais irresponsável (risos). Mas penso muito naquilo que vou fazer. As coisas vão se acumulando dentro de mim até o momento em que olho e vejo que tenho de tomar uma decisão e mudar. E em um determinado momento eu me senti muito infeliz de maneira geral. Se ficasse ali, seria para sempre uma apresentadora, porque qualquer passo diferente dentro daquela corporação pareceria um passo atrás. Eu estava também em um momento de pouca satisfação pessoal, porque tinha um horário de trabalho muito difícil. Até tentei negociar isso, mas vi que precisava mudar a minha vida mesmo. E aí eu tive uma grande proposta para fazer algo que seria um grande desafio, que foi o de remontar uma redação que praticamente não existia, com o compromisso de, mais pra frente, poder apresentar um projeto meu. Foi o que fiz. Fiquei quase dois anos à frente de um telejornal diário e depois propus exatamente o que queria: fazer um programa semanal a partir da minha própria produtora, algo que ia me dar um contato muito maior com o mercado independente, que era onde eu queria chegar. Ainda estou engatinhando neste mercado, logicamente. Mas quanto mais eu o conheço, mais feliz estou com a minha decisão, mais de bem com a vida e mais certa de que isso é o que me faz feliz.
C&S: Acho que a sua decisão tem um significado para todo profissional, mas principalmente para toda mulher que está no mercado de trabalho: a idéia de que é fundamental pensar no lado pessoal e ser feliz. Você nota isso? Ana Paula Padrão: Eu passei a ser muito procurada por mulheres para falar para mulheres, passar o meu exemplo para elas. Eu acho que isso tem dois motivos. Primeiro porque até mesmo nos piores momentos e nas piores reportagens eu nunca me masculinizei, nunca abri mão do fato de que sou mulher. Eu acho que a gente não precisa se masculinizar para ter uma vida profissional independente e respeitada. E segundo porque eu passei a dar importância pública a coisas que as mulheres dão muita importância: são os outros universos que não o profissional. Eu acho que tão importante quanto você se realizar como mulher profissional é você se realizar como mulher esposa, mulher bonita, mulher mãe. Enfim, uma pessoa capaz de administrar todos os universos da vida e não se sentir apenas uma máquina de trabalhar, não viver pela expectativa do outro. Eu sentia muito isso na bancada...É o cabelo dela, a maquiagem dela, o que ela vai fazer no final de semana, está com olheira ou sem olheira.... Eu quero ser mais euzinha, sabe? Eu tinha muita vontade de poder tomar decisões que não fossem impactar tanta gente, poder ter ócio, não ser tão reconhecida em muitos lugares, ter uma vida mais simples e tranqüila. E eu acho que isso atraiu as mulheres. Tenho falado muito com elas, dado muita palestra e espero estar levando um benefício. Eu quero passar a idéia de que com trabalho e determinação, se você tiver certeza daquilo que está fazendo, faça. Não tenha medo de abdicar de alguma coisa. Eu abdiquei de muitas e deu muito certo. Estou tão mais feliz, foi tão bom para a minha realização profissional e pessoal, estou tão mais equilibrada. Então, se você tem certeza, vai dar certo.
C&S: Como você considera seu atual momento? Ana Paula Padrão: Eu estou mais madura. Talvez seja o meu melhor momento em termos de maturidade, porque eu sei o que quero, quase sempre sei o que tenho de fazer para chegar lá. Definitivamente, sei o que não quero e sou muito mais feliz de maneira geral em todos os aspectos. Sou mais feliz no meu casamento, eu aprendo todos os dias a administrar uma empresa, fico muito feliz quando vejo que uma empresa precisa de mim, precisa do serviço que eu posso prestar, uma empresa que precisa de alguém que chegue e diga: o seu DNA é esse, a sua maneira de se comunicar com as pessoas é essa e isso tem reflexo direto na comunicação interna ou externa daquela empresa. Eu fico muito feliz quando eu posso decidir, junto com a minha equipe, qual reportagem eu vou fazer, como eu vou desenvolver essa reportagem, levar ao ar e ter um bom retorno disso. Fico muito feliz quando a gente desenvolve um projeto novo, um formato novo. Enfim, fico muito feliz por poder abrir meu leque, por poder usar tudo que eu acumulei de conhecimento na minha profissão e devolver isso de alguma maneira para vários setores. Eu me sinto muito melhor assim do que apenas transmitindo as notícias do dia. Eu sei que tinha uma responsabilidade com esse público, eu sei que esse público sente saudade de mim. Talvez até seja uma visão meio egoísta, mas tem uma hora que a gente tem de ser um pouco egoísta e pensar no que é bom para você mesma, porque se você está bem, você vai passar a coisa certa. Hoje eu estou mais madura, mais equilibrada e infinitamente mais feliz.
C&S: E isso é sucesso para você? Ana Paula Padrão: Para mim é. Sucesso é equilíbrio, parceria, felicidade, paz de espírito, tempo para um amigo, para o seu marido, é você desenvolver a capacidade de ser uma boa líder, é você ter certeza de que escolheu o caminho certo para você. Eu tenho 42 anos, tenho muita capacidade de trabalho ainda pela frente e eu me sinto viva e começando. Isso é impagável. Isso é sucesso
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