terça-feira, 9 de junho de 2009

Gilberto Wiesel: realização profissional começa num mergulho para dentro de si!


O gaúcho Gilberto Wiesel é consultor de empresas, conferencista, empresário, escritor e agropecuarista. Graduado em Administração de Empresas, é também especialista em motivação. Para ele, essa palavra significa a única forma de obter uma vida de plenas realizações, o que só acontece quando o ser humano faz um mergulho para dentro de si e reflete acerca de sua missão na Terra.
Com sólida vivência em treinamento de líderes empresariais - diretores, supervisores, gerentes, vendedores, entre outros - Wiesel tem o foco de seu trabalho voltado à transformação pessoal. Autor do livro “Você em Primeiro Lugar” e do Cd “Um Tempo para Vida”, abaixo ele nos dá subsídios para descobrir a vocação de cada um, e trilhar uma carreira profissional– assim como a vida pessoal e familiar – rumo à total realização, fora dos padrões estabelecidos e cobrados pela sociedade.

Como e quando foi despertada em você essa vontade de tornar-se consultor? Eu sempre fui empresário, pois nunca gostei de trabalhar como funcionário. Sempre tive um espírito empreendedor muito forte dentro de mim. Desde muito cedo tive vários tipos de negócios. Em alguns deles quebrei a cara por falta de experiência e conhecimento (e entrei naquelas estatísticas de empresas que duram no máximo cinco anos). Foi apenas depois de me formar que achei interessante focar a carreira na área de consultoria. Então comecei a atuar nessa área, focado tanto para setores administrativos, quanto comerciais, que sempre foram o meu ponto forte.

E nessa época você tinha quantos anos? Tinha 22 anos. Trabalhei durante quase 15 na área de consultoria e gestão de vendas. E depois de certo tempo uma coisa puxou a outra, e passei a trabalhar com treinamento também. Foi assim: como eu trabalhava com vendas, percebi que o pessoal dessa área precisava de treinamento. Então, além das estratégias, comecei a treinar, não só em vendas como em comportamento humano. Percebi que as coisas só funcionavam se as pessoas estivessem motivadas e, principalmente, comprometidas. Não adiantava só a técnica, por isso fui buscar conhecimento na área de comportamento humano. E aí passamos a nos superar, e essa idéia foi passando de uma empresa para outra, e eu passei a dar treinamento para diversas empresas, até em nível gerencial, na área de comportamento humano. Numa certa altura, passei a ser convidado para falar em convenções de vendas e passei a ir a alguns eventos, até que isso se tornou uma oportunidade de negócio. Passei apenas a dar palestras, e hoje não faço outra coisa.

O senhor falou que desde pequeno tem espírito empreendedor. De onde vem isso? Desde antes da faculdade, já vendia de tudo, até casa pegando fogo (risos). Já vendi roupa, carros, panelas, só não vendi minha mãe, como diz o ditado. Eu já trabalhei na vida como funcionário, mas eu não era uma pessoa satisfeita, pois não estava no controle da situação. Angustiava-me em não poder colocar toda a minha energia e todo o meu potencial a favor de algumas situações. Pois, eu tinha que respeitar determinadas regras e não podia me manifestar. Hoje, como consultor e palestrante, eu falo para os empresários: ‘dê oportunidade de a pessoa ser empreendedora, deixe ela se manifestar! Colocar suas idéias´.

E foi difícil conquistar seu espaço no mercado, conquistar credibilidade? É complicado e até hoje estou buscando meu espaço no mercado. Porque a prestação de serviço, principalmente nessa área em que atuo, necessita que as pessoas confiem em você. Enquanto existem muitos profissionais no mercado, aqueles ruins acabam denegrindo a imagem dos demais. Quando uma pessoa contrata um palestrante, como saber se vai dar certo? Apenas depois da palestra. Então, no começo da carreira, eu fazia o seguinte: ‘contrate o Gilberto Wiesel e se você não gostar, não precisa pagar. As pessoas arriscavam, porque sabiam que eu não brincaria com isso. Então, comecei a fazer meu trabalho e as pessoas começaram a gostar. Formei meu nome no mercado, e melhor: um nome sólido, porque neste trabalho não adianta fazer mídia. Os diretores de empresas não te contratam por mídia e sim por resultados. Esse é um trabalho muito sério, porque pense bem: a empresa faz uma convenção, traz pessoas de todo Brasil, paga hotel etc. e o palestrante é ruim? É frustrante!

Hoje sua agenda deve ser lotada, não é? Hoje, graças a Deus, eu tenho muito trabalho. Para se ter uma idéia, convites e cotações acontecem todo dia. Mas, geralmente faço de dez a quinze palestras por mês, por conta de deslocamento, já que o Brasil é muito grande. Não é possível fazer mais do que isso.

Toda vez que termina uma palestra, percebe um público sempre ávido por mais informação? Minha palestra é de motivação, mas para comportamento. Eu busco abordar a mudança. Não porque eu quis, mas porque o mercado pediu. Hoje sou convidado a fazer convenções de vendas, lançamentos de produtos e não sou chamado para falar de vendas, e sim de comportamento humano, sobre a vida. Isso se explica porque as pessoas são admitidas nas empresas pelas capacidades técnicas. Mas são demitidas por causa das habilidades comportamentais que não têm. Então as empresas estão carentes de ouvir ‘o que está acontecendo’. E eu vou falar justamente sobre isso.

É necessário, então, encontrar sempre o ponto de equilíbrio? Sim, na vida pessoal, profissional, familiar, com seus filhos. Você não consegue ser duas pessoas! O que você é em casa é a mesma pessoa que é na empresa, não tem como fugir disso. Antigamente as empresas diziam assim: ‘você tem que deixar seus problemas em casa’. Isso não existe mais, é papo furado. É lógico que temos de saber administrar as situações. Por exemplo: não é porque você brigou em casa que vai chegar ao trabalho brigando com os colegas. Precisa ter capacidade para administrar isso. Mas quem te ensina como fazer? Na escola não há nenhum curso de formação nessa área, não tem nenhuma matéria que te ensina a administrar o sentimento ruim com o qual alguém acordou hoje de manhã.

Você acha, então, que essa falta de preparação comportamental é uma falha? De quem? Da educação, sem dúvidas. O que falta nas universidades é entender que o que faz o grande profissional não é tanto o que ele conhece e sim o que ele é. As universidades não mostram como as pessoas podem ser melhores.

Então, quais orientações o senhor daria aos profissionais? Há dois momentos que eu acho importantes na vida da gente. Um é quando a gente nasce, quando está todo mundo esperando por nós: o pai, a mãe etc. E outro é quando a gente descobre porque está aqui [no mundo]. O profissional bem sucedido é aquele que tem como premissa saber o porquê está aqui e qual é a sua missão. Ele não faz determinada coisa porque os outros fazem com que ele se direcione para essa posição. É fazer aquilo que realmente nasceu para fazer. Eu costumo dizer que se a vida for apenas acumular dinheiro, comprar coisas e ir aos melhores restaurantes, ela é vazia e sem graça! Todo mundo pode ter muito mais do que isso! Por que eu hoje, Gilberto Wiesel, trabalho como palestrante? Porque eu encontrei o segundo melhor dia da minha vida. Descobri que tenho de levar essa missão para mais pessoas. A gente precisa sempre parar para refletir: qual é minha missão na vida?

E como a pessoa pode descobrir qual é a missão dela? Entrando em contato com ela mesma, percebendo realmente o que acontece no seu dia-a-dia. É simples demais, como aquela brincadeira: se você ganhasse na Megasena, o que você faria? Se a pessoa falar ‘largaria o emprego’ é porque ela ainda não se descobriu. Então são essas perguntas que você precisa fazer a si mesmo. Quando você sai de manhã para trabalhar, tem de prestar atenção se você, ainda no ônibus, já vai desanimado para o trabalho... Esses são alguns diagnósticos de que é preciso repensar. Dentro de nós sempre há um questionamento, mas como a gente vai assumindo compromissos e tarefas que nos ‘engolem’, a gente tende a não dar bola e passar por cima destes questionamentos. Quando você vê, já está com 40/ 50 anos e se parar para refletir, pensará que a vida passou e não fez nada do que queria. Deve ser muito chato chegar ao final, olhar para trás e ver que não era nada daquilo que queria ter feito. É isso que eu falo muito para as pessoas nas minhas palestras. Ainda há muita carência das pessoas em relação a isso.

Como é possível, então, manter o encorajamento para fazer as mudanças necessárias na vida? Hoje em dia existem mais pessoas frustradas ou mais realizadas? É como tomar banho: ‘você precisa tomar’. Eu só ajudo as pessoas a se motivarem, mas você é quem tem de manter isso. A vida é sua! Eu vejo profissionais realizados, mas a maioria, se pudesse refazer sua vida, refaria com certeza! O que acontece hoje é uma cobrança muito grande da sociedade de termos sucesso, de sermos os melhores pais e mães, sermos os melhores profissionais etc., mas muitas vezes nós não perguntamos o que é sucesso. Compramos o sucesso que os outros vendem. E aí vem a frustração. Então, as pessoas precisam se perguntar: o que é importante para mim? Quais são os meus valores? E a partir dessa resposta é possível traçar a própria vida.

As pessoas ainda têm muito medo de fazer esse questionamento? Há duas coisas na vida da gente que nos enrolam completamente: o medo e a insegurança. A gente deixa de fazer as coisas por medo da frustração e do que vão falar de você, e aí vem a insegurança. Enquanto não tomamos posse da nossa vida, é grande a chance de se tornar frustrado.

Pode-se dizer então que o Gilberto, quando chegar ao final da vida, vai olhar para trás e ver que foi uma pessoa completa? Completo a gente nunca é, mas estou sempre procurando. O dia que nos sentirmos completos é que está perdendo a humildade. O importante é jamais esmorecer, pois sempre há algo a aprender, e temos de estar abertos para isso. Quanto a me sentir realizado, eu sou muito realizado como palestrante. Eu sou um apaixonado por isso! Tem amigo que me diz: você não precisa viajar para lá e para cá, você tem sua empresa. E eu respondo: você não entende! Isso é a grande paixão da minha vida. Sinto-me abençoado e iluminado por Deus por ter me dado essa oportunidade na vida.

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