quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cem Por Cento Nacional Dentro De Um Mundo Globalizado

(foto: de Jorge Rosenberg)
Ana Balleroni é a nova diretora Nacional de Mídia da agência NBS. No comando da área nos escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro, a publicitária atenderá clientes como Oi, Coca-Cola (bebidas não carbonatadas), Suvinil, Universidade Estácio de Sá, Bob´s, entre outros. “Empolga-me trabalhar em uma agência Nacional, dentro de um mundo tão globalizado. Morro de orgulho disso. Estou adorando voltar a ser 100% nacional”, diz.
Primeira brasileira a representar o Brasil como jurada do Media Lions em Cannes, ela venceu em 2002 o prêmio Caboré como melhor profissional de mídia. Em mais de 20 anos de carreira, a executiva foi Vice-Presidente de Mídia na Leo Burnett e na J.Walter Thompson e Diretora Mídia na Young & Rubicam. Atendeu contas como Ford do Brasil, Gradiente, Unilever, Warner Lambert, Banespa, Nestlé, Procter, Fiat , Visa do Brasil, BrT, Samsung, Boehringer Ingelhein (Mucosolvan e Buscopan), ICI (Tintas Coral), Oracle e Warner Home Vídeo. A seguir a entrevista com Ana Balleroni.
Quais seus planos como nova Diretora Nacional de Mídia da NBS?
Fazer o melhor. Ouvir, entender, planejar, recomendar. Conhecer os clientes e suas necessidades. A NBS é uma agência cujo posicionamento me motiva. Acredito em respostas diretas , rápidas e eficientes. Acredito que o curto prazo, quando bem feito, constrói o médio e o longo prazo. Para falar a verdade, estou contando os dias para começar.
Você pretende fazer alguma mudança na área de mídia da agência?
Acredito que a mudança estará começando a partir da minha chegada, com minha nova função e minha experiência.E a experiência traz serenidade e maturidade para entender aquilo que funciona e o que não funciona. Um bom profissional não tem vaidades ou opinião pré-estabelecida. Vou deixar minha experiência me orientar.
Quais suas perspectivas para setor em 2009?
2009 está sendo e será um ano muito diferente dos últimos que vivemos na nossa profissão. Não existem chances para riscos, apostas ou erros. Ano em que o dinheiro tem um valor muito maior, para pessoas físicas ou jurídicas. Isso não quer dizer que será um ano sem investimentos. Pelo contrário, já estamos percebendo movimentos importantes do governo com conseqüências benéficas aos anunciantes e ao consumidor final. Teremos apenas que agir com responsabilidade redobrada. Cuidar do dinheiro dos anunciantes como cuidamos do nosso próprio dinheiro.
O que um bom mídia deve fazer para enfrentar a crise?
Entender as necessidades dos clientes, o ambiente macroeconômico, os reflexos no ambiente de mídia e no comportamento do consumidor. Mais do que nunca, o consumidor vai ditar as regras. Veja o comportamento do consumidor em relação ao setor automotivo ou à linha branca, por exemplo. As necessidades de compra não deixam de existir, mas haverá priorização nos investimentos pessoais, nas necessidades mais urgentes e na busca pela oferta. Além disso, existe uma enorme mudança de comportamento das pessoas com relação a seus hábitos e atitudes, uma enorme quantidade de troca de informações sejam elas positivas ou negativas. Isso quer dizer que não existe uma preocupação apenas com a oferta, com o varejo. Existe agora a possibilidade de captar todos os benefícios daqueles que souberam construir marcas nos últimos anos. Isso é fantástico e motivador para todos que souberam construir suas marcas.
Quais as novidades da Divisão de Ética do Grupo de Mídia para 2009?
Estamos trabalhando em um código de ética para os profissionais de mídia, além de formas de certificar competências de quem está entrando no mercado, através de capacitação, cursos e o reconhecimento do GM. A parte do código de ética envolve muito material, uma vez que somos os responsáveis pela principal receita das agências. Isso torna o profissional objeto de maior atenção de anunciantes e da própria agência. Existem inclusive confusões. Somos cobrados pelo ROI, mesmo sabendo que o ROI não depende apenas de um plano de mídia, mas de ações de marketing , planejamento estratégico e criação. Mas a partir do momento que estamos sendo tão cobrados e expostos, acho importante a criação de um código de ética. Mas gostaria que esse código não ficasse restrito a “cestas de natal”. Um código de ética para esses profissionais deveria passar pelas regras do Cenp, as formas de remuneração, etc.
Quais conselhos você dá para quem está começando na área de mídia?
Como diria minha mãe: se conselho fosse bom eu não dava... vendia. Mas vou me arriscar. Acredito que um bom profissional de mídia deva se interessar e aprender a ler pesquisas. Todas. As disponíveis na área de mídia, os relatórios de vendas, pesquisas de comportamento do consumidor. Houve um tempo em que o personagem “negociador” tinha um grande valor. Isso acaba, a partir do momento que as empresas envolvem suas áreas de compras em todas as negociações, inclusive em compras de mídia. E como subsidiar esse novo personagem para uma boa negociação? Somente através da pesquisa, da análise, das tendências. Além disso, entender o que dizem os números e o comportamento, nos leva a ações estratégicas e táticas muito mais valiosas que 1 ou 2% a mais em uma negociação. Os números contam histórias. Essas histórias estão conectadas a comportamentos. E consequentemente a recomendações.
Como você vê o futuro da profissão?
Acho que essa é grande mudança da mídia. O futuro acontece daqui há 2 minutos ou 24 horas. Não dá mais para falar em futuro. Tudo é muito rápido, ágil. Hoje li que o Ashton Kurtcher, que até então era famoso por ter casado com a Demi Moore, tem um milhão de seguidores no Twitter, ultrapassando a rede CNN. Isso quer dizer que nosso futuro não ficará restrito a entender os meios tradicionais. Teremos que entender que cada pessoa tornou-se um meio potencial a partir do momento que ela fala em rede e tem seguidores ou audiência. Só espero que tenhamos mais informações. Serão muitas audiências a serem coletadas.
Você gostaria de acrescentar algo?
Gostaria de dizer o quanto está me empolgando trabalhar em uma agência Nacional, dentro de um mundo tão globalizado. Morro de orgulho disso. Parece final de Copa do Mundo. Porque a globalização tem limites. Limites de língua, de cultura e de hábitos. Dentro da América Latina, existem mais de sete formas de pronunciar o espanhol e o País mais rico fala português. Na Europa, cada país tem sua peculiaridade. Na Ásia, Estados Unidos... Não adianta muito ter acesso a cases de sucesso de países com peculiaridades tão distantes das nossas. Estou adorando voltar a ser 100% nacional.

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