27/08/2008 - 16:28
SUA EMPRESA CONHECE A FORÇA DAS REDES SOCIAIS?
Pesquisa Por Daniel Limas
Quem utiliza a Internet diariamente sabe que o número de blogs, grupos de discussão e sites de relacionamento, entre outros, aumenta diariamente. Mas um fato que talvez muitos não saibam é a importância que esses sites, integrantes das chamadas redes sociais, têm na disseminação de uma notícia ou de uma propaganda. E mais: até mesmo na construção ou destruição da imagem de uma empresa.
Essa importância foi comprovada por uma pesquisa lançada recentemente pelo IBOPE/NetRatings, que revelou que uma campanha originada nas redes sociais pode ter um impacto muito maior do que campanhas originadas dos sites oficiais das próprias empresas. "Caso os membros das comunidades relacionadas às marcas de veículos decidissem fazer uma campanha a favor ou contra o consumo de automóveis, atingiriam 1 bilhão de pessoas. Ao passo que uma montadora consegue atingir uma audiência de 2 milhões de internautas em um mês de campanha em seus sites oficiais. Ou seja: 500 vezes mais impactos possíveis do que as empresas", exemplifica Alexandre Magalhães, gerente de Análise do IBOPE/NetRatings.
Esse resultado se deve principalmente à elevada audiência que os sites da chamada rede social conquistaram. Dados fornecidos pelo instituto comprovam que 18,5 milhões de pessoas navegaram em sites relacionados a comunidades durante o mês de maio deste ano. A conta não inclui fotologs, videologs e os mensageiros instantâneos, que, somados, alcançam 20,6 milhões de internautas por mês. Segundo o IBOPE/NetRatings, o número corresponde a 90% do total de usuários que acessam a Web mensalmente.
E qual o motivo dessa grande audiência? Não é simples precisar, mas duas razões são muito importantes: o crescente número de usuários da Internet, que hoje já passa de 40 milhões apenas no Brasil, e o fato de os internautas mais jovens buscarem se relacionar virtualmente com pessoas que tenham características semelhantes - o que proporciona mais confiança e atenção aos conteúdos e mensagens destas páginas.
E como explicar o alto impacto das campanhas on-line? Para Marcelo Tripoli, presidente da iThink, agência especializada em mídia digital, há melhor resultado porque essas campanhas não são invasivas e trazem conteúdo apropriado ao interesse dos leitores. "As pessoas que fazem parte daquele universo têm afinidades e querem conteúdo sobre temas específicos. Não adianta uma empresa tentar travestir uma publicidade de conteúdo. Se fizer isso, vai pegar mal para a sua imagem. Hoje em dia, é fundamental que haja muita transparência", explica.
Após ser impactado pelos sites das redes sociais, o interessado vai procurar mais informações no site da marca. Neste momento, é fundamental que a empresa consiga cativar e prestar serviço. "O consumidor está cansado de sites repletos de recursos, Flashs [formato utilizado para animações e vídeos na Internet], sons e cores vibrantes, mas que não agregam valor", alerta Tripoli. José Calazans, analista do IBOPE/NetRatings, complementa: "Pode ser um brinde, uma vantagem, um reconhecimento ou descontos. Na Internet, as pessoas buscam cada vez mais diferenciação."
Essa tendência revela uma mudança radical nos hábitos do consumidor. "Hoje ele define o que quer ver, quando e de que forma. Na publicidade tradicional, por exemplo, o consumidor que vê um programa é interrompido por anúncios. O consumidor aceita continuar assistindo caso haja relevância para ele", observa Tripoli.
Este crescimento acentuado das redes sociais no Brasil e a influência que elas exercem sobre os usuários, que também são consumidores, ainda não são amplamente conhecidos pelas corporações. "Pelo que temos observado ao longo dos últimos meses, conhecer bem essas redes sociais e aprender como fazer parte delas não apenas previne eventuais crises ou problemas de imagem das empresas, mas também as aproxima de seus públicos, funcionando como uma valiosa ferramenta estratégica", afirma Magalhães, do IBOPE/NetRatings.
Ainda há muito espaço para o desenvolvimento desse mercado. Para José Calazans, "os blogs de empresas, por exemplo, devem perder o estilo corporativo e tratar de forma transparente assuntos mais interessantes aos consumidores".
Além disso, Tripoli complementa com outras recomendações: "a primeira atitude de uma empresa antes de se inserir neste filão é fazer bem o que ela se propõe. Nenhuma ação de Marketing conseguirá salvar a imagem de um produto ruim. A segunda é ser ética e transparente. Nunca se deve enganar ou manipular o consumidor. Além disso, tenha canais eficientes de comunicação."
A PESQUISA
Os dados divulgados fazem parte do estudo Redes Sociais, um novo trabalho do IBOPE/NetRatings a respeito do impacto desses sites e fóruns na construção, sustentação e até mesmo destruição da marca e da reputação das organizações. Para apresentar o novo produto ao mercado, o instituto realizou uma espécie de "relatório-piloto" tomando como referência as grandes montadoras de automóveis e a relação destas com as redes sociais.
Confira abaixo alguns resultados desse trabalho:
94,1% dos usuários que visitam os sites das montadoras freqüentam comunidades. Ou seja: uma ação das montadoras poderia ser rapidamente contraposta pelos membros das comunidades;
Por outro lado, membros das comunidades que visitaram sites oficiais das montadoras, em maio de 2008, não chegaram a 8%;
Mais de 90% dos membros das comunidades relacionadas aos veículos - com sentimentos negativos, positivos ou neutros sobre eles - têm até 24 anos de idade. Uma onda de comentários contra uma marca de automóvel pode afetar o futuro comprador;
Os usuários de comunidades não são homogêneos. Pelo contrário: foram encontradas variações enormes de sentimentos em relação a quase todas as marcas quando comparados dois Estados vizinhos - Rio de Janeiro e São Paulo. Marcas podem ser odiadas em um local e amadas em outro, o que também indica que a comunicação na Internet não deve e não pode ser única para todo o território nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário