sexta-feira, 27 de junho de 2008

Borimbora Entrevista Wellington Lacerda, Sócio da Spiritus Mundi

22/07/2008 – 11:10

Borimbora Entrevista Wellington Lacerda, Sócio da Spiritus Mundi.

Wellington Lacerda: 42 anos, formado em Matemática, pós-graduado em Sistemas Distribuídos, autor do livro JSP and Tag Libraries for Web Development. Experiência de 11 anos na Petrobrás, 9 anos na Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), atualmente consultor da FAO baseado em Salvador, sócio da Spiritus Mundi.

Borimbora: Como está o nosso mercado de tecnologia no Brasil?
Wellington Lacerda: O mercado de tecnologia no Brasil está em efervescência, porque a economia estável, e principalmente saudável, motiva as empresas normalmente consumidoras passivas de tecnologia a ousarem mais na busca de competitividade, a experimentarem mais, a participarem mais do desenvolvimento de novas idéias e a apostarem mais no novo. Em tempos de crise as pessoas são muito mais cautelosas e só apostam no que conhecem. Daí nosso abismo tecnológico nos tempos da inflação (além de motivos políticos, como a malfadada reserva de mercado, etc) e hoje este abismo estar diminuindo bastante, a ponto de sermos ponta em várias áreas. O mais importante deste momento no Brasil é que estamos nos conhecendo melhor, estamos começando a creditar que nós, brasileiros, somos capazes de criar tecnologia de ponta.

Borimbora: E o nosso mercado Baiano?
Wellington Lacerda:
Bem, a Bahia tem um grave problema a resolver, que é a questão da credibilidade, a “maldição do axé”. A Spiritus Mundi produz tecnologia de ponta em serviços para celulares, bluetooth, sistemas móveis, etc, mas basta mencionarmos o fato de sermos baianos, vem logo a piadinha: “lançaram algum CD recentemente? Vendem camarote na avenida?”. Isso é muito frustrante.

Um outro problema é o de prioridade. Tecnologia nunca foi uma prioridade na Bahia antes. Outros estados da União, principalmente Pernambuco, nosso vizinho nordestino, se organizaram politicamente para o mercado de alta tecnologia. Então Pernambuco tem lobbys poderosos para levar verbas e fazer aprovar projetos importantes para lá, enquanto que a Bahia nunca conseguiu se organizar nesta área. Temos de reverter este quadro, mas para isso a pauta tecnologia tem de deixar de ser diletante e passar a ser prioridade séria nos assuntos de estado. Temos talentos de sobra por aqui para respaldar qualquer investimento. A Bahia, apesar da opinião de certos segmentos da cátedra recente da medicina, jamais sofreu de déficit de inteligência, pelo contrário.

Borimbora: Existem cursos com todas as especializações voltadas para essa área na Bahia?
Wellington Lacerda:
A Bahia apresenta hoje um leque de opções bem impressionante. Falta apoio maior das agências federais de fomento, até porque é preciso formar um lobby científico poderoso, com projetos interessantes e DINHEIRO, para atrair um numero suficiente de doutores e diversificar os cursos de pós e pesquisa, mas hoje a oferta já é impressionante se comparada com 10 anos atrás.

Borimbora: E o nível profissional do bahiano está crescendo ou o cenário é carente?
Wellington Lacerda:
Sem dúvida está crescendo. Apesar das carências que mencionei anteriormente, o baiano vai atrás, onde o curso estiver.

Borimbora: É verdade que na Bahia não existe profissionais qualificados e que existe vagas abertas e não são preenchidas por falta de conhecimento?
Wellington Lacerda:
Pelo que eu saiba, o que existe é a desinformação da existência da vaga. O mercado de trabalho oferece, mas o profissional, seja por vaidade, seja por desconhecimento, acaba não tomando conhecimento dela. Falta um cadastro desses profissionais, e estes profissionais não procuram cadastrar-se nos sistemas de mão-de-obra do estado quando precisam, muitas vezes por vaidade. Agora, também é verdade que a oferta de cursos de pós ainda é limitada, e algumas vagas não serão possíveis preencher com o leque de cursos de graduação/pós existentes na Bahia.

Borimbora: Quais são os cursos mais recomendados pelos especialistas?
Wellington Lacerda:
Não gosto muito de qualificar deste modo. Porque existem cursos e cursos, e o melhor que o pretendente faz é procurar informar-se a respeito deles. Também não acredito em quem resolve fazer um curso apenas porque é “o curso do momento”. Via-de-regra isso é receita para o desastre.

Borimbora: O Que é Spiritus Mundi?
Wellington Lacerda:
A Spiritus Mundi é uma empresa criada para desenvolver, para criar tecnologia na área de mobilidade e comunicação através de dispositivos móveis. Criamos um primeiro produto para desenvolvimento de portais celulares, chamado tecnologia MobView, e usamos esta tecnologia para criar produtos para o público. Nosso maior valor é a inovação produtiva, capaz de revolucionar positivamente um segmento. Nosso produto mais conhecido é o portal MobTour, que oferece um sem-número de serviços interessantes gratuitamente para o público de, atualmente, cinco capitais, incluindo obviamente Salvador, que é o nosso lar. Temos serviços corporativos prestados a grandes empresas como Nokia e Agra, temos serviços de inovação em mobile marketing, como a parceria com a agência Idéia3 que nos possibilitou lançarmos uma inovação global em marketing móvel no segmento imobiliário recentemente.
A outra área da empresa trabalha com portais e serviços mundiais de dados e geoestatística. Temos clientes como a FAO e a OMS, ambas agências das Nações Unidas. Isso tem um impacto direto em nossos valores e tecnologia. Por exemplo, o MobTour é poliglota, ele pode ser utilizado em inglês e espanhol. E temos grande preocupação com o impacto social de nossos produtos e propostas. Nossa tecnologia sempre oferece um avanço para a qualidade geral de vida das pessoas de todas as classes sociais. Esta é uma preocupação permanente da Spiritus Mundi.

Borimbora: Como surgiu a Spiritus Mundi e esse desejo de conectar com o mundo?
Wellington Lacerda:
Bem, nasceu de uma necessidade real. Tivemos a idéia quando eu fui ao cinema e não consegui, e, no mesmo dia, Adhemar Fontes, meu sócio, tentou ir com uma turma de amigos num restaurante e não conseguiu. Aí nos perguntamos: hum... e que tal isso no celular? Tentamos várias alternativas tecnológicas (na Itália já havia 3G na época), como WAP e SMS, mas nada disso funcionou para o que queríamos. Então inventamos tudo do zero. Quando percebemos que aquele produto poderia criar produtos para celulares, percebemos que havíamos criado algo real, e resolvemos criar uma empresa para explorar esta e novas tecnologias. Daí nasceu a Spiritus Mundi.

Borimbora: Me fala também sobre os produtos da Spiritus mundi
Wellington Lacerda:
Nosso carro-chefe é o portal MobTour, que vai entrar em uma nova fase agora, com muitas novidades. Temos parcerias muito interessantes no MobTour, como a programação da operadora NET, os conteúdos digitais dos informativos Bahia Notícias e da Rádio Metrópole, um canal especial de tecnologia com portais como BR-Linux, UCel e Teleco, todas as informações do que está acontecendo na cidade em termos de lazer e entretenimento, enfim, uma enormidade de informação.

Temos ainda o SPACK, um produto baseado na tecnologia MobView que permite criar conteúdo rico para o mercado publicitário. Com o SPACK a empresa comunica o que quiser, com o segmento que quiser, de uma maneira bem eficiente. Por exemplo, a Syene comunicou todas as informações acerca do Salvador Prime utilizando uma linguagem gráfica, fotos, plantas dos imóveis, etc. O Festival de Verão comunicou usando fotos e música.
Temos uma novidade sendo lançada, que é a Rede Spiritus, que vai oferecer suporte a uma enormidade de serviços interessantes.

No mundo corporativo, temos a solução integral MobIT, que repensa a empresa usando a mobilidade como fator estratégico. Nossa experiência, tanto em sistemas distribuídos quanto no desenvolvimento de inovações eficazes em mobilidade, nos permite termos um ponto-de-vista privilegiado para este serviço, e as corporações e o governo já estão se beneficiando disso.

Temos um produto muito interessante para o mercado profissional (corporativo e liberal/independente) que é o portal multi-serviço mContact, que oferece serviços de agenda corporativa como base de uma pletora de serviços tanto plugáveis quanto desenvolvidos sob medida.

Temos um produto para o mercado de pesquisas de opinião que também pode plugar serviços sob medida para agências deste segmento.

E todo o segmento de sistemas de apoio a decisão baseado em dados geográficos e geoestatísticos, que oferece serviços a um custo extremamente competitivo. Como de resto, nossos produtos sempre são.

Borimbora: Wellington qual é o seu conselho para aquelas pessoas que estão começando no mercado de tecnologia?
Wellington Lacerda:
Se existe um mercado globalizado, este mercado é o de tecnologia. O profissional que deseja obter sucesso neste mercado, tem de pensar globalmente. Tem que ter um segundo idioma, tem de estar bem informado. Tem de se reciclar sempre. Não existe, no mercado de tecnologia, ao contrário de outros mercados, o “nicho de segurança”. Aquele nicho em que o profissional será competitivo por um longo tempo ao atingir certo nível. Nunca. A tecnologia muda sempre, evolui sempre, ás vezes drasticamente. A Spiritus Mundi é inovadora e se mantém inovadora porque jamais está satisfeita com o que já realizou, por mais espetacular que isso seja. Queremos sempre o que virá, nós almejamos o futuro. E nossos parceiros entenderam que este é o nosso modo de pensar e viver tecnologia.

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